• Rogério Miranda de Almeida

    Prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida no bosque da FASBAM

  • Rogério Miranda de Almeida

    Prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida

  • Rogério Miranda de Almeida em conferência

    Prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida em conferência

  • Rogério Miranda de Almeida na semana de filosofia da FASBAM

    Prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida na Semana de Filosofia da FASBAM

  • Rogério Miranda de Almeida na Faculdade São Basílio Magno

    Prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida

“Afinal de contas, o que é escrever, falar, verbalizar, senão tentar captar um real que não cessa de resistir e de se subtrair ao domínio de todo discurso e, paradoxalmente, de toda significação? Que se pense, por exemplo,nas ideias de Platão, nos universais dos escolásticos, no Deus de Descartes, nas mônadas de Leibniz, no imperativo categórico de Kant, no espírito absoluto de Hegel e, mais recentemente, no arcabouço terminológico da biologia e da química, últimos bastiões em que vieram refugiar-se as entidades fictícias da metafísica e da teologia”.

Eros e Tânatos: A vida, a morte, o desejo. São Paulo, Loyola, 2007, p. 18.

“Todos os filósofos, de Heráclito a Heidegger, de Platão a Lacan, não fizeram outra coisa senão ensaiar apreender – a partir de uma sensação de borda ou em torno de um vazio que suscita a inscrição ou o traçado centrífugo da letra – aquela unidade, aquele fundamento, aquela palavra ou, em suma, aquele significante que, não obstante, permanece recalcitrante e resistente ao próprio discurso”.

A fragmentação da cultura e o fim do sujeito. São Paulo, Loyola, 2012, p. 17.

Informações pessoais

Rogério Miranda de Almeida nasceu em Crato, estado do Ceará, aos 9 de abril de 1953. É filho de José Rogério de Almeida e de Nair Miranda Rogério. Na sua cidade natal, cursou a escola primária no Grupo Escolar Dom Quintino e fez o ginasial e o científico (até o segundo ano) no Colégio Estadual Wilson Gonçalves. Concluiu o científico no Colégio Diocesano do Crato. Enquanto realizava seus estudos formais nestes dois colégios, estudou e aprofundou a língua e a literatura francesas com a professora Maria Sílmia Sobreira da Silveira (Aliança Francesa). Em seguida, no Rio de Janeiro e, depois, em Campinas-SP, estudou privadamente o grego clássico e o latim (1974–1977). Cursou um ano de filosofia na PUC do Rio de Janeiro (1978) e concluiu a licenciatura em filosofia na PUC de Campinas (1985). Teve como sua primeira influência filosófica as leituras de Platão, Descartes, Rousseau, Kant e Marx.


De 1986 a 1993, cursou teologia na Universidade de Estrasburgo, França, onde obteve os diplomas: bacharelado, licenciatura, mestrado, D. E. A. (Diplôme d’Études Approfondies), D. S. T. C. (Diplôme Supérieur de Théologie Catholique) e doutorado. Nesta mesma universidade, foi membro do C.É.R.I.T. (Centre d’Études et de Recherches Interdisciplinaires en Théologie). Na Universidade de Metz, França, doutorou-se em filosofia (1997).


De 1995 a 2003, lecionou teologia e filosofia no Saint Vincent College, Latrobe, Pensilvânia, Estados Unidos, onde também foi membro da Friedrich Nietzsche Society e da American Philosophical Association. Entre 1997 e 2007, lecionou filosofia, com ênfase em ética e antropologia filosófica, no Pontifício Ateneo Santo Anselmo, Roma. Nesta mesma cidade, lecionou teologia moral e teologia sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana (1999–2007). Em 2007, após a criação do programa de pós-graduação em filosofia na PUCPR, campus Curitiba, foi convidado para lecionar nesta universidade, onde atuou no mestrado e no doutorado até 2019. No presente, leciona filosofia na FASBAM (Faculdade São Basílio Magno) e teologia sistemática no Centro Universitário Claretiano (Studium Theologicum), ambos em Curitiba.


Nas suas aulas e conferências, nos artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, assim como nas obras que até hoje escreveu, o autor tem como referências principais:

  1. A filosofia antiga (pré-socráticos, Platão e Agostinho);
  2. A filosofia contemporânea (Kierkegaard, Schopenhauer e Nietzsche);
  3. A psicanálise (Freud, Lacan: a questão do desejo, do sujeito e da linguagem).

Filosofia-Teologia-Psicanálise

As pesquisas e análises de Rogério Miranda de Almeida não podem ser dissociadas destas três áreas do saber: filosofia, teologia e psicanálise. Com efeito, considerando-se que a problemática fundamental que norteia o seu trabalho intelectual é de ordem antropológica, não se pode concebê-la sem se levar em conta a finitude da existência e, portanto, as questões da liberdade, do desejo, da linguagem, do sujeito e do inconsciente. É, pois, a partir desta perspectiva que ele examina:

  1. As indagações metafísicas em torno do Ser e o questionamento ético que se desenvolveram ao longo da filosofia antiga;
  2. A herança platônico-aristotélica e, ligados a esta tradição, os conceitos de transcendência, finalidade e intencionalidade que marcaram a filosofia e a teologia medievais;
  3. A problemática da vontade, das relações de forças, da interpretação e da inversão dos valores em Nietzsche;
  4. As teorias analíticas de Freud e de Lacan acerca do inconsciente e da linguagem.


Isto não quer significar que a filosofia, a teologia e a psicanálise dependam uma da outra do ponto de vista estritamente epistêmico. Não! Cada uma destas três ciências possui suas próprias leis, seu próprio estatuto e seu próprio objeto de indagação ou de análise. Assim, o objeto peculiar à filosofia é o Ser enquanto Ser, o objeto da teologia é Deus e o da psicanálise o inconsciente. Resta, contudo, que todo enunciado é um enunciado feito pelo homem, a partir do homem e em torno do homem. De sorte que aquilo que importa destacar é, em primeiro lugar, o problema da linguagem, do inconsciente, da interpretação e, em última instância, do desejo.


O Paradoxo e o Entre-dois

Uma das noções de que mais se serve Rogério Miranda de Almeida é a de “paradoxo” e, em conexão com esta, a de “entre-dois”. Na esteira de seu mestre, Roland Sublon, e de Jacques Lacan, ele designa, pelo nome de “paradoxo”, a multiplicidade de perspectivas e releituras que um mesmo objeto, ou diferentes objetos, podem suscitar. Pois o que está em jogo na dinâmica da interpretação e da escrita é o problema da tensão do desejo e de sua incessante significação através do simbólico do real. Trata-se, para dizê-lo em outros termos, da letra ou, mais precisamente, do vínculo, da ponte, da porta, da passagem, do intermediário ou, na sua terminologia, do entre-dois. Estas duas noções – o paradoxo e o entre-dois – se entrelaçam e se supõem de maneira tão intrínseca, mútua e radical que toda tentativa para de-fini-las estaria, desde o início, fadada ao mais completo fracasso. Com efeito, como definir aquilo que, por natureza, está continuamente a escapar, a transformar-se, a metamorfosear-se, a oferecer-se e a resistir à significação enquanto tal? Num comentário a uma das obras de ALMEIDA, Nietzsche e o paradoxo – primeiramente publicada em francês (1999) – Jean-Paul Resweber observa: “Sabe-se que o paradoxo – que se exprime como um enigma, pois ele não resolve as contradições entre a vida e a morte, o ser e o tempo, a palavra e o silêncio, o sujeito e seu Outro – se dá como interface entre a ética e a experiência religiosa. Ora, é esta a ambição legítima deste livro: ler e reler Nietzsche no paradoxo, sem procurar resolver este último” (Le Portique – Revue de Philosophie et de Sciences Humaines, n. 5, 1er. Semestre 2000, p. 202-203).


O desejo e a linguagem

Assim como as noções de paradoxo e entre-dois não podem ser pensadas separadamente na concepção de Rogério Miranda de Almeida, assim também o desejo, enquanto uma tensão elementar, primordial, cuja saciedade reside paradoxalmente na sua própria insaciabilidade, não pode ser dissociado da linguagem, ela mesma como expressão da tentativa infinitamente recomeçada de colmatar uma hiância ontológica, ou pré-ontológica, que se diz, se fala, se escreve e se significa. Consequentemente, o desejo, a linguagem e a interpretação caminham pari passu, na medida em que a própria linguagem já é a manifestação de um movimento centrífugo que, por isso mesmo, não cessa de se inscrever e de se simbolizar. Na linha de Jacques Derrida, Rogério Miranda de Almeida vê na escrita uma função transgressora e, portanto, uma dinâmica que tenta – da maneira mais ambígua e paradoxal – romper a hegemonia do logos que pautou, determinou e radicalmente caracterizou a tradição metafísica ocidental. Afinal de contas, o que é a escrita, o texto e, em última análise, a linguagem? É o próprio autor quem o responde no Prefácio ao seu Eros e Tânatos: “Escrita do impossível, arte da transgressão, trajeto sinuoso que pontilha a angústia de uma perda, de uma lacuna, de uma hiância e de um significante que não cessam de se re-inscrever, de se completar, de se refazer, de se deslocar e se repetir...” (Eros e Tânatos: A vida, a morte, o desejo. São Paulo, Loyola, 2007, p. 18).


Pesquisa e projetos

Linhas de pesquisa:

  1. Filosofia da Psicanálise.

  2. Fundamentos e Crítica da Modernidade.


Projetos:

  1. Subjetividade, linguagem e desejo.
  2. Religião, fé e ciência na filosofia contemporânea.


Livros e artigos

LIVROS


Em francês

L’au-delà du plaisir: Une lecture de Nietzsche et Freud, Lille, Université de Lille III, 1998.

Nietzsche et le paradoxe, Strasbourg, Presses Universitaires de Strasbourg, 1999.


Em inglês

Nietzsche and Paradox, Albany, State University of New York Press, 1ª ed. 2006; 2ª ed. 2007.

Em português

Nietzsche e Freud: Eterno retorno e compulsão à repetição, São Paulo, Loyola, 2005.
Nietzsche e o paradoxo, São Paulo, Loyola, 2005.
Eros e Tânatos: A vida, a morte, o desejo, São Paulo, Loyola, 2007.
A fragmentação da cultura e o fim do sujeito, São Paulo, Loyola, 2012.
A memória, o esquecimento e o desejo, São Paulo, Ideias & Letras, 2016.
História da Filosofia Antiga, Curitiba, FASBAMPRESS, 2021.
História da Filosofia Medieval, Curitiba, FASBAMPRESS, 2021.
História da Filosofia Moderna, Curitiba, FASBAMPRESS, 2022.
História da Filosofia Contemporânea I, Curitiba, FASBAMPRESS, 2023.
A consciência moral: Das raízes gregas ao pensamento medieval, São Paulo: Loyola, 2023.
História da Filosofia Contemporânea II, Curitiba, FASBAMPRESS, 2024.

Em colaboração

Foucault e a destruição das evidências. Piracicaba: UNIMEP, 1995.
Filósofos e terapeutas: Em torno da questão da cura. São Paulo: Escuta, 2007.
Psicanálise em perspectiva. Curitiba: CRV, 2009.
Psicanálise em perspectiva II. Curitiba: CRV, 2010.
As linguagens da condição humana. Palhoça: UNISUL, 2010.
Natureza humana em movimento: Ensaios de antropologia filosófica. São Paulo: Paulus, 2012.
Filosofia e educação: Aproximações e convergências. Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012.
Um olhar filosófico sobre a religião. Aparecida: Ideias & Letras, 2012.
Espiritualidade, Saúde e Cultura: A Teologia nas Fronteiras.Curitiba: Juruá Editora, 2016.
Pluralismo na psicanálise. Curitiba: PUCPRESS, 2016.
Átropos: Escritos sobre morte, vida e pulsão. Curitiba: CRV, 2018.
Psicanálise em perspectiva VII: Estudos interdisciplinares em História e Filosofia da Psicanálise. Curitiba: CRV, 2018.
Filosofia, Teologia e Psicanálise. Campinas: Editora Splendet PUC-Campinas, 2022.

 

ARTIGOS


Platão e Sartre: a dialética do desejo e do olhar SÍNTESE (Belo Horizonte. 1974), v. 50, p. 201-217, 2023.
Sêneca, Freud e a Consciência Moral Basilíade - Revista de Filosofia, Curitiba - v. 5, n. 9 (2023), p. 27-39.
A tradição filosófica e o paradoxo do fim do sujeito ethic@ - Revista Internacional de Filosofia Moral, Florianópolis - v. 18, n. 3 (2019), p. 299-318.
O conceito do belo em Agostinho de Hipona Basilíade - Revista de Filosofia, Curitiba - v. 1, n. 1 (2019), p. 9-23.
O papel de Tomás de Aquino no universo "científico" do século XIII Revista Veritas, Porto Alegre - v. 63, n. 3 (2018), p. 15-25.
A educação e a vida intelectual na primeira escolástica Revista Filosofia e Educação, Campinas - v. 10, n. 2 (2018), p. 264-286.
Modernidade, Protestantismo e Secularização Revista Problemata, João Pessoa - v. 9, n. 2 (2018), p. 314-328.
Lutero e a tradição católica medieval Revista Perspectiva Teológica, Belo Horizonte - v. 50, n. 1, p. 163-178, Jan./Abr. 2018.
Arte, superstição e “filosofia” no Renascimento Revista de Filosofia Aurora, Curitiba - v.27, n.42, 2015.
Teologia, filosofia e ciência Revista Veritas, Porto Alegre - v. 59, n. 3, set.-dez. 2014.
Prazer, desprazer e gozo nos escritos do último período de Nietzsche Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência, v. 7, n. 3, 3º quadrimestre de 2014.
Nietzsche's Revaluation of Christianity: Contradiction or Paradox? Avello Publishing Journal, issue 1, vol. 4 (2014)
A Cultura, o Estado e a Educação nos "escritos trágicos" de Nietzsche. Revista Filosofia e Educação, v. 6, n. 1, 2014.
Kant, Schopenhauer e o fim do sujeito. Síntese – Revista de Filosofia, v. 40, n. 126, jan./abr. 2013.
Agostinho de Hipona e as ambivalências do seu filosofar. Revista Veritas, v. 57, n. 2, maio/agosto 2012.
A lei natural e a lei escrita: uma leitura à luz do pensamento de Nietzsche. Revista de Filosofia Aurora, v. 24, n. 34, janeiro/junho 2012.
Do recordar e do esquecer: a questão da memória em Agostinho, Nietzsche e Freud. Filosofia Unisinos, v. 12, n. 3, setembro/dezembro 2011.
Nietzsche e os impasses do princípio de prazer: uma leitura a partir do primeiro período. Revista Estudos Nietzsche, v. 1, n. 2, julho/dezembro 2011.
Guilherme de Ockham: o conhecimento, o sujeito e a linguagem. Revista Ágora Filosófica, ano 11, n. 1, janeiro/junho 2011.
Bem e mal: Contradição ou paradoxo? Revista Reflexão, ano 34, n. 96, 2009.
Vontade de crueldade nos escritos trágicos de Nietzsche. Filosofia Unisinos, v. 9, n. 2, maio/agosto 2008.
Nietzsche e a questão da sublimação. Revista de Filosofia Aurora, v. 20, n. 27, julho/dezembro 2008.
Nietzsche e il pathos della scrittura. Rivista Davar, v. 1, anno 1, novembre 2003.
La "Grande Salute" nel pensiero e nell'esperienza di Friedrich Nietzsche. L’Arco di Giano, n. 24, estate 2000.
Una filosofia al di là di bene e male. Per la Filosofia, anno XVII, n. 48, gennaio/aprile 2000.
Freud, Nietzsche : l’énigme du père. Le Portique, Revue de Philosophie et de Sciences Humaines, numéro 2, 2e semestre, 1998.
La finalité, la providence et le hasard selon Nietzsche. Revue des Sciences Religieuses, 71e année, n. 1, janvier 1997.
O verdadeiro, o não-verdadeiro e a aparência segundo Nietzsche. Síntese Nova Fase, v. 21, n. 67, 1994.


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